BLUE TIRED HEROES
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Massimo Furlan Há um aeroporto. Um lugar circunscrito. Um espaço fechado. As pessoas partem em viagem, têm malas. Passaportes. Um lugar com regras que não podem ser transgredidas. Em corredores imensos, vive uma micro-sociedade constituída por agentes, hospedeiras, viajantes. Os vigilantes vigiam. E há um outro espaço, um parque. Um território delimitado onde as pessoas passeiam. Elas sentemse bem, elas vagueiam, elas discutem e as crianças brincam. É um espaço de repouso, um lugar onde vamos ao encontro dos outros, um lugar onde vamos ver os outros. E de repente, vemos um Super Homem. Vemo-lo em diferentes lugares. De facto, há muitos. Eles estão lá, por todo o lado. Encarnações dos nossos sonhos de crianças: à noite, vestidas de pijama, um lenço à volta do pescoço, eramos todos Super Homens. Hoje as crianças tornaram-se adultos. Pequenos, grandes, magros, gordos – pessoas, comuns. São imagens fragmentadas que exprimem incongruência, a revelação e a queda de um mito. Blue Tired Heroes, do encenador Suiço Massimo Furlan, é uma peça sobre a geografia do lugar, sobre a mobilidade e a fragmentação da acção, sobre a longa duração – uma série de imagens que compõem uma narrativa feita de lacunas, de vazios, de enigmas. |
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